quarta-feira, 29 de junho de 2011

Áurea Nardelli - Suas obras

PUBLICAÇÕES:

  • Crônicas em jornais e revistas da cidade.
  • O foguetinho colorido” - pré livro.
  • Coleção “Leitura e Encantamento” - livros de leitura para as quatro primeiras séries.
  • Granjinhas Escolares” - experiência vivida na Fazenda do Rosário, com repercussão internacional.
  • Livro de Alfabetização para adultos..
  • Uma família sem Brazões” - memórias, vol. 1 e vol. 2, setembro de 1999.

Áurea Nardelli e sua trajetória profissional na Educação

Diplomada pela antiga Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico, em Belo Horizonte, destinado a formar Orientadores Pedagógicos e Diretores Pedagógicos/Técnicos.

Serviços prestados à Educação

  1. Orientador Pedagógico do Grupo Escolar Antonio Carlos – escolhido por ela, por situar-se na periferia.
  2. Diretora Técnica do mesmo estabelecimento, até sua aposentadoria; nele introduziu novas técnicas de ensino, tornando-o o mais avançado, segundo o Secretário de Educação de Minas Gerais.
  3. O Grupo Escolar, então o único em Mariano Procópio, recebia crianças de bairro, de Vila Augusta, Vargem de Euclides, Borboleta, Serro Azul, São Pedro...
  4. Uma pequena escola, que funcionava na Rua Bernardo Mascarenhas, orientada pelo Pe. Adriano, Redentorista, e mantida pelo Dr. João Penido, foi fechada após a morte de ambos. A pedido de Áurea Nardelli, o Secretário de Educação criou, no local, o Grupo Escolar Professor Quesnel.
  5. Fez parte, no governo Magalhães Pinto, DA COMISSÃO QUE TRABALHOU EM UMA REFORMA DE ENSINO. Empenhou-se pelo aumento da carga horária diária e do curso primário.
  6. Foi a 1ª Diretora a instalar a 5ª série primária, na época denominada “5ª série complementar”.
  7. Mantendo bom relacionamento com a Polícia Militar e com o 10º Regimento da 5ª Região, conseguiu a construção de grandes áreas ociosas, visando a melhoria da aprendizagem
  8. Instalou e dirigiu, até o seu bom funcionamento, as classes do SESI para operários. Fez, então, uma experiência científica pedagógica, a pedido da diretoria de Ension de Belo Horizonte, com o intuito de comparar a aprendizagem entre adultos e crianças.
  9. Ainda no Grupo Antonio Carlos, cedeu sala à noite para recrutas dirigindo e orientando professores e alunos.
  10. No Grupo Antonio Carlos, manteve uma classe de meninos cegos, cuja única atividade diferente dos Programas de Ensino era a aprendizagem do Braille; a professora era também cega e as crianças conviviam com os alunos sem deficiência visual...
  11. Com algumas mães de excepcionais e a excelente colaboração do Mons. Burnier, participou da fundação da Sociedade Pestalozzi e da APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais).
  12. Na Fazenda do Rosário, em Ibirité:
  • participou do 1º grupo (11 diretoras) que iniciou com a grande Mestra Helena Antipoff o trabalho de treinamento e aperfeiçoamento de professoras rurais; antes, como professora, depois como diretora.
  • foi diretora do ISER (Instituto Superior de Educação Rural), onde conviveu com as maiores personalidades nacionais e estrangeiras dos campo da Pedagogia e Psicologia.
- realizou, então, cursos de férias para professoras leigas em Matias Barbosa e em Juiz de Fora, quando Ademar Andrade foi prefeito nestas duas cidades – (cursos realizados em regime de internato).
    13. Prestou concurso para supervisora de Ensino Rural Municipal, em Juiz de Fora (antes, prestava serviços sem qualquer vínculo ou remuneração). Aposentou-se neste cargo, anos depois.
    14. No Ensino Rural, em Juiz de Fora, instalou a 4ª série e a merenda em todas as escolas rurais, sempre atendendo à comunidade; instalou várias turmas de adultos e realizou comemorações cívicas religiosas.
    15. Na zona rural, onde poucas missas eram celebradas, Áurea Nardelli conseguiu que os sinos da capela reunissem os habitantes, que rezavam o terço e entoavam cânticos religiosos, crianças eram preparadas para a 1ª comunhão e caminhavam pelas estradas poeirentas, vestidas de branco e acompanhadas por professores e familiares.
    16. Foi conselheira da ADPI (Associação de Damas Protetoras da Infância)
17. Colaborou na organização da Guarda-Mirim.

ÁUREA NARDELLI - Suas origens

ÁUREA NARDELLI

... Nasci num dia dez de abril, em Mar de Espanha, que ase escrevia com H, cidade mineira da Zona da Mata, no vale do rio Cágado, que se escrevia com K e banhada pelo ribeirão de São João. Exatamente dez horas e vinte minutos, quando o trenzinho dava a partida pra São Pedro do Pequeri. Talvez por isso tenha nascido andeja e andeja continuo até hoje … Meu pai era italiano, nascido em Martina França, sul do país, aos sete de março de 1873. Terceiro e uma família de sete filhos, duas mulheres e cinco homens. Filho de Pedro Antonio Nardelli e Adolorata Trisciuzzi. Aos treze anos contribuia para o orçamento da casa, fazendo redações e vendendo-as aos colegas. Filho de um pai displicente, funcionário público de minguado salário, dado a galanteios que levavam parte desse salário para mundanas ou concubinas...”
A mãe, dona Angelina casou-se aos 16 anos e teve 14 filhos, Áurea era a sexta da família.
... Não existiu crise de gerações entre nós. Mamãe e papai brincavam de crianças e nós brincávamos de adultos. Tínhamos liberdade bastante para falar, com nossos pais, as preocupações que nos afligiam e as nossas “maluquices”, com estas papai se deliciava, mamãe aceitava com restrições. Papai se divertia quando lhe perguntávamos quantas namoradas tinha pelas Minas Gerais...
Brincávamos muito. Tínhamos bonecas de massa, as Maricotas, de celuloide e as fazíamos, também, de sabugos vestidos de retalhos coloridos, de flores de magnólia que davam cabelos compridos ao lhes desfiar as pétalas cheirosas, de galhinhos novos de bambu que davam cabelos trançados, de abóbora-menina madura, desenhávamos-lhe o rosto, vestíamos-la com retalhos e sempre havia a toquinha... E as bruxinhas com cara de criança, de moça ou moço, de velha ou velho? Era, nosso maior encanto.... Nem só bonecas constituíam nossos brinquedos. Trançávamos cadeirinhas de capim especial, fazíamos mobília com caixas de fósforos; canecas, panelas, chaleiras, caldeirão de barro. Com folhas de café ou laranjeira, presas uma à outra com espinhos de laranjeira fazíamos grinaldas e chapeuzinhos enfeitados com frutinhas silvestres vermelhas, com flores de cambará ou de algumas roubadas dos jardins de mamãe... Amendoim transformava-se em brincos, frutos de melão de São Caetano, em colares exóticos … ÉRAMOS MUITO FELIZES.
Sempre fui criança e menina voluntariosa, brava, teimosa, creio que despertava em mim o espírito de liderança e independência …
(do livro UMA FAMÍLIA SEM BRASÕES)