quarta-feira, 29 de junho de 2011

ÁUREA NARDELLI - Suas origens

ÁUREA NARDELLI

... Nasci num dia dez de abril, em Mar de Espanha, que ase escrevia com H, cidade mineira da Zona da Mata, no vale do rio Cágado, que se escrevia com K e banhada pelo ribeirão de São João. Exatamente dez horas e vinte minutos, quando o trenzinho dava a partida pra São Pedro do Pequeri. Talvez por isso tenha nascido andeja e andeja continuo até hoje … Meu pai era italiano, nascido em Martina França, sul do país, aos sete de março de 1873. Terceiro e uma família de sete filhos, duas mulheres e cinco homens. Filho de Pedro Antonio Nardelli e Adolorata Trisciuzzi. Aos treze anos contribuia para o orçamento da casa, fazendo redações e vendendo-as aos colegas. Filho de um pai displicente, funcionário público de minguado salário, dado a galanteios que levavam parte desse salário para mundanas ou concubinas...”
A mãe, dona Angelina casou-se aos 16 anos e teve 14 filhos, Áurea era a sexta da família.
... Não existiu crise de gerações entre nós. Mamãe e papai brincavam de crianças e nós brincávamos de adultos. Tínhamos liberdade bastante para falar, com nossos pais, as preocupações que nos afligiam e as nossas “maluquices”, com estas papai se deliciava, mamãe aceitava com restrições. Papai se divertia quando lhe perguntávamos quantas namoradas tinha pelas Minas Gerais...
Brincávamos muito. Tínhamos bonecas de massa, as Maricotas, de celuloide e as fazíamos, também, de sabugos vestidos de retalhos coloridos, de flores de magnólia que davam cabelos compridos ao lhes desfiar as pétalas cheirosas, de galhinhos novos de bambu que davam cabelos trançados, de abóbora-menina madura, desenhávamos-lhe o rosto, vestíamos-la com retalhos e sempre havia a toquinha... E as bruxinhas com cara de criança, de moça ou moço, de velha ou velho? Era, nosso maior encanto.... Nem só bonecas constituíam nossos brinquedos. Trançávamos cadeirinhas de capim especial, fazíamos mobília com caixas de fósforos; canecas, panelas, chaleiras, caldeirão de barro. Com folhas de café ou laranjeira, presas uma à outra com espinhos de laranjeira fazíamos grinaldas e chapeuzinhos enfeitados com frutinhas silvestres vermelhas, com flores de cambará ou de algumas roubadas dos jardins de mamãe... Amendoim transformava-se em brincos, frutos de melão de São Caetano, em colares exóticos … ÉRAMOS MUITO FELIZES.
Sempre fui criança e menina voluntariosa, brava, teimosa, creio que despertava em mim o espírito de liderança e independência …
(do livro UMA FAMÍLIA SEM BRASÕES)

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